1. Contexto
Quando me falam em navegadores web eu lembro-me do Google Chrome, do Mozilla, do Safari, do explorer e ainda do Yandex. Se me esforçar um pouco também me lembro do Opera que em Portugal nunca vi a ser utilizado, mas que na Rússia por vezes aparece.
A empresa não foi analisada no âmbito do BoS e conta apenas com um par de comentários no fórum.
O principal objetivo da aproximação de hoje é perceber se é necessário aprofundar o estudo desta cotada.
2. Resultados
Os analistas apontavam para $332 M de vendas e um prejuízo de $6 M.
As vendas foram de $165 M e o lucro foi de $176 M (não é um erro tipográfico).
3. Pontos Positivos
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O número de utilizadores ativos aumentou, o Opera GX (navegador específico para gamers) conta com um aumento (YoY) de 350% do número de utilizadores e as vendas do segmento Opera News aumentaram 150% em comparação com o ano passado:
4. Pontos Negativos
A Opera foi incorporada nas ilhas Caimão:
É maioritariamente controlada por cidadãos Chineses:
Possui uma estrutura de capital constituída por ADS (American Depositary Shares), sendo que cada ADS representa 2 ações comuns.
O lucro adveio das operações descontinuadas (tive de fazer zoom out de forma a captar toda a informação necessária):
O lucro só existe porque temos uma rúbrica Other Income e vários ganhos não operacionais, sendo o principal referente às atividades descontinuadas.
Não estava a conseguir encontrar a explicação para o facto dos analistas terem apontada para vendas superiores aos $300 M em 2020 e a empresa ter apresentado apenas $165 M. Afinal, em 2019 as vendas tinham sido de $335 M:
O negócio das Fintech foi considerado descontinuado, porém a sua reavaliação forneceu um ganho contabilístico de $142 M.
5. Perspetivas
As estimativas dos analistas são as seguintes:
Atenção que existem conflitos de interesses na Opera.
Em 2019 a Opera era a empresa mãe de 37 afiliadas ligadas ao negócio dos microcréditos (aquele tipo de crédito onde há muitas letras pequenas e com taxas de juro por volta dos 35% anuais).
6. Conclusão
A Opera afirma que é uma das world’s largest internet consumer brands:
Eu vejo conflitos de interesses, negócios abandonados, um core-business que dá prejuízo ou então um lucro residual e uma estrutura de capital que não transmite confiança.
Não considero que seja necessário acompanhar os desenvolvimentos da Opera.
7. Comentário do César
Do que me lembro de ter comentado desta empresa, existiam passagens de ativos da Opera para outras empresas controladas pelos principais acionistas. São “jogadas chinesas” que me deixariam sempre com mãos fracas num potencial investimento.
Desta forma concordo com a conclusão do Artur – não vale a pena continuar a acompanhar esta ação – tendo em conta também que é apenas uma de duas mil no nosso universo de interesse.