A Microsoft parece ser uma empresa à prova de covid-19…
… mas os rácios de valorização estão no pico:
Bill Gates é apontado como o génio por detrás da Microsoft, mas já só tem 1,36% de participação na empresa…
… e se não fosse a sua mãe, que era empresária e professora na Universidade de Washigton, e tinha bons relacionamentos no mundo corporativo, talvez a Microsoft hoje não existisse. Há vários livros e documentários…
… espalhados pela internet, sobre a história da empresa.
Apresentação
A Microsoft quase que dispensa apresentações. Digo “quase”, porque todos conhecem, certamente, alguns dos produtos do segmento pessoal e profissional, mas não a totalidade. Eu uso o Windows e o Office para trabalhar nestes artigos (já usei OSX da Apple, Linux [debian, ubuntu, mint, etc.], OpenOffice, LibreOffice, iWork, etc.), uso o Skype para videoconferências, às vezes uso o Bing para pesquisas, já tive um Windows Phone (que tinha muito potencial, mas chegou atrasado ao mercado… talvez consigam dar-lhe uma nova vida… Windows 10 no telemóvel?), já usei o Visual Studio para programar (fiz umas aplicações bem básicas), uso a rede social para trabalho LinkdIn (que foi comprada pela Microsoft por $26 billion), uso o Outlook (cliente e servidor, mas prefiro o Gmail), uso o OneDrive (mas prefiro o Drive da Google), uso o Edge (mas prefiro o Google Chrome)…
… mas quantas pessoas conhecem o Azure, o GitHub, o SQL Server, o Windows Server, o System Center, entre outros, que fazem parte dos Server products and cloud services, que é o serviço mais lucrativo da Microsoft. Sim, não é o Windows, nem o Office:
A Receita está dividida em 3 segmentos:
- Produtividade e Negócios, que inclui o Office (Word, Excel, Powerpoint, etc.), o Skype, o Outlook, o OneDrive, o LinkdIn, ERPs, entre outros:
- Nuvem e servidores, que inclui produtos para programadores, engenheiros e negócios (Visual Studio, Servers, Support and Consulting Services, etc.):
- Produtos para os clientes finais, como o Windows, MSN, dispositivos (como os computadores Surface), Jogos (da plataforma Xbox), o motor de busca Bing, entre outros. Este é o segmento mais lucrativo:
Gráfico de Longo Prazo
O “preço não importa” para o investidor que faz compras regulares, constituindo um preço médio; mas quem adquiriu a acção de uma só vez na máxima do ano 2000 demorou 17 anos para ver a cotação aumentar de valor:
Evolução do Número de Acções e Valor de Mercado
A Capitalização Bolsista da Microsoft ultrapassou, em 2019, pela primeira vez, o valor de $1 trillion…
… e já está a caminho dos $2 trillion. À cotação actual de $205, o Valor de Mercado da Microsoft é de $1,6 T.
Informação Financeira
Nos últimos 15 anos, a Receita cresceu 8,57% ao ano…
… abaixo da expectativa dos analistas para os próximos 4 anos; não sei porquê, mas eles esperam um crescimento maior (de 12,24% ao ano):
O Lucro ttm atingiu o máximo histórico de $46 B:
A Microsoft é uma excelente geradora de cash e tem um Balanço muito equilibrado. Só o dinheiro acumulado em Caixa (e equivalentes) cobre a totalidade da dívida financeira e corresponde a mais de 80% do valor do Passivo Total:
No último ano, a compra de acções próprias superou o valor dos dividendos distribuídos:
O shareholder yield de 2019, à cotação actual, é de 2,33% (menor do que o da Apple, que é de 4,9%):
($19.543 + $13.811 + $4.000) / $1.605.793 = 2,33%
Este é mais um indicador de valorização a destacar a euforia actual do mercado: parece que a cotação da Microsoft não está muito descontada.
Desenvolvimento
Os produtos orientados ao consumidor final e aos negócios, como o sistema operativo Windows e o Microsoft Office, têm enormes vantagens competitivas e barreiras à entrada de concorrentes. O Office 365 tem ganhado à Google Suite…
… e o advento do Linux nunca mais se realiza; ainda não é desta que chega aos computadores pessoais. Não tenho os dados comigo, mas penso que há 10-15 anos, as percentagens de marketshare estavam mais ou menos na mesma (o Windows tinha um pouquinho mais e a Apple um pouquinho menos):
Eu não sou um power user, mas tenho amigos, administradores de empresas tecnológicas ou que estão em altos cargos técnicos e de direcção de grandes empresas, que me falam bem dos produtos e que não vão abandonar os server products and cloud services da Microsoft. Sobre este mercado não tenho grande opinião, mas a competição é forte: Amazon, Google, IBM, Oracle, Salesforce.com, VMware, Cisco, etc..
Nos últimos 5 anos, o dividendo da Microsoft tem crescido a uma taxa de 8,27% ao ano. Se nos próximos 10 anos continuar com essa tendência, podemos esperar um dividendo por acção acumulado de $30,40:
Como já tinha dito, a Receita cresceu 8,57% ao ano. Se essa tendência continuar (vou ignorar a expectativa de crescimento dos analistas de 12,24% CAGR) a Microsoft pode chegar a arrecadar $286.370 M em 2029, ou seja, pode chegar a ter $37,31 de Receita por Acção. Considerando a cotação aos hipotéticos Price-to-Sales de 2029…
- (I) PSR médio (5,3), a cotação seria de $197,74 (5,3 x $37,31)
- (II) PSR actual (11,78), a cotação seria de $439,51 (11,78 x $37,31)
… com os dividendos acumulados…
- (I) $197,74 + $30,40 = $228,14
- (II) $439,51 + $30,40 = $469,91
… podemos esperar, ao preço actual ($205), uma rentabilidade anual…
- (I) $228,14 / $205 ^ 0,1 = 1,075%
- (II) $469,91 / $205 ^ 0,1 = 8,649%
… não muito surpreendente.
Conclusão
As cotações da Microsoft não estão como em 2000, ano em que rebentou a bolha das dot-com, quando o PER chegou a superar o quociente de 70, mas não oferecem qualquer margem de segurança. A não ser que estejam a montar uma posição, constituindo um preço médio, eu recomendaria esperar por alguma queda semelhante à de Março deste ano:
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
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