1. Psicologia do Investidor
A psicologia do investidor é um tema complexo e pouco explorado nos livros sobre bolsa, mas tendo em conta a minha experiência pessoal e os contatos que tenho tido com investidores, acabo por conceder que é tão importante, ou ainda mais importante, que o conhecimento sobre análise fundamental de ações.
Ontem à tarde estava a entrar numa onda depressiva e pus-me a pensar na origem desses pensamentos e sentimentos negativos.
E identifiquei-a.
É um cesto enorme, invisível mas pesado, que carrego na cabeça. Lá dentro estão todos os erros que já cometi na bolsa.
Neste texto vou pegar no cesto, carregá-lo até ao contentor do lixo e deitá-lo lá para dentro. Não é para reciclar. É mesmo para incinerar 🔥
2. Todas as decisões são imperfeitas e por tal, erradas
Se repararmos, teria sido sempre possível comprar a um preço mais baixo, ou vender a um preço mais alto, do que efetivamente fizemos.
Mesmo nas pouquíssimas vezes em que – por sorte – comprámos nos mínimos e vendemos nos máximos, podemos considerar que essa decisão foi errada, porque no mesmo período houve sempre outra ação, ou outro ativo financeiro, que valorizou mais.
Além disso, “podíamos” ter investido mais dinheiro nas que subiram e menos (ou nada), nas que desceram.
Isto significa que todas as decisões são, pelo menos em parte, erradas e por isso vão para o cesto.
3. Todas as inações são erradas
Não ter comprado, não ter vendido, esta ou aquela ação, enfim, todas as ações – e são muitas – foi um erro.
A ação que não se comprou e subiu, a ação que não se vendeu e desceu. A ação que nem sequer se sabia que existia, mas, soube-se mais tarde, subiu imenso… foi um desconhecimento, uma ignorância, e por isso um erro.
As inações – sempre erradas – também têm o seu peso e não podem ficar espalhadas por todo o lado, têm de ser arrumadas, e acumuladas, no cesto.
4. A inutilidade dos erros
Guardamos estes erros porque, “inteligentemente”, queremos aprender com eles e corrigi-los no futuro, de forma a sermos investidores mais bem-sucedidos.
Só que há dois problemas, ou “armadilhas”:
A – Não há duas situações iguais, pelo que as lições do passado dificilmente se podem aplicar no presente;
B – O mercado de ações tem um certo grau de aleatoriedade que é impossível minimizar.
Por isto acredito que guardar estes erros e ir-se lembrando deles é em si mesmo um erro, quiçá o maior de todos, porque é uma atividade mental perniciosa e… inútil.
5. Liberte-se dos erros do passado
Faça-se uma fogueira enorme com os cestos dos erros dos investidores em ações!
Não mais lamentarei as ações que vendi e subiram!
Não mais lamentarei as ações que comprei e desceram!
Não mais lamentarei as ações que não comprei e subiram (mais do que as minhas)!
O peso do cesto com os erros do passado foi retirado da minha cabeça. O cesto desapareceu para sempre 🙏
Sou agora livre para continuar a investir de forma descontraída e feliz.
César Borja